A Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (ANMAT) da Argentina ordenou, por meio da Disposición 5434/2025, a proibição imediata da fabricação, fracionamento e comercialização do azeite de oliva Mito Andino, identificado como virgem extra de primeira prensada. A medida inclui também a retirada de circulação em plataformas online.
A decisão foi tomada após a constatação de que o produto apresentava rotulagem irregular, uso de registros inexistentes e incompatibilidade com normas alimentares vigentes. O órgão classificou o azeite como produto ilegal, destacando o risco à saúde dos consumidores.
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Quais foram as irregularidades encontradas

Dados do produto suspenso
- Marca: Mito Andino
- Tipo: Azeite de oliva virgem extra
- Processo: Primeira prensada
- Conteúdo: 1 litro
- RNPA informado: 025-13032729
- RNE informado: 13005521
A investigação revelou que os registros mencionados no rótulo não eram válidos, o que levou à sua classificação como produto falsificado. Isso significa que o azeite circulava sem controle de qualidade adequado, sem garantia de origem e com possibilidade de contaminação.
Por que o rótulo é tão importante
A rotulagem é a primeira barreira de proteção do consumidor. Quando há falhas ou falsificações, abre-se espaço para fraudes e riscos de ingestão de substâncias não regulamentadas. A ANMAT destacou que, no caso do Mito Andino, a ausência de registros válidos já bastaria para a suspensão.
A decisão da ANMAT sobre o azeite de oliva ilegal
A ANMAT proibiu a fabricação, fracionamento e comercialização do azeite Mito Andino em todo o território nacional, incluindo a venda online. Além disso, determinou que produtos com RNE 13005521 em seus rótulos fossem imediatamente retirados do mercado, uma vez que esse número não existe nos cadastros oficiais.
Distribuidores, comerciantes e plataformas digitais foram notificados para garantir que nenhuma unidade continuasse disponível. A medida reforça o compromisso da agência em proteger os consumidores contra produtos ilegais.
Quais riscos o consumo de azeite falsificado pode trazer
Consumir azeites falsificados não é apenas uma questão de fraude econômica. Há riscos concretos à saúde, como:
- Contaminação química: ausência de controle pode permitir adição de óleos de baixa qualidade ou contaminantes.
- Adulteração por solventes: em alguns casos, há uso de substâncias para alterar o sabor ou cor.
- Perda nutricional: sem a garantia de origem, o valor nutricional do azeite pode ser comprometido.
- Riscos digestivos e metabólicos: ingestão de óleos adulterados pode gerar desconforto gastrointestinal e, em casos graves, intoxicações.
Órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) acompanham globalmente casos de fraude alimentar, classificando-os como sérios riscos à saúde pública.
Como identificar produtos falsificados
Passos práticos para o consumidor
- Verifique selos de autenticidade: na Argentina, devem aparecer informações do RNPA e RNE válidos. No Brasil, equivalentes como Anvisa ou Inmetro são referências.
- Compare embalagens: detalhes como cor, tipografia e acabamento diferem de produtos originais.
- Desconfie de preços baixos: valores muito abaixo da média do mercado podem indicar adulteração.
- Considere a procedência: compre sempre em redes confiáveis e estabelecimentos reconhecidos.
- Cheque os registros oficiais: bases públicas permitem consultar a validade dos números de registro.
O que fazer em caso de dúvida
Consumidores que suspeitarem de produtos falsificados devem contatar a ANMAT pelo ANMAT Responde ou enviar relatos com fotos para o e-mail oficial (pesquisa@anmat.gob.ar). Esse canal ajuda na investigação e na retirada mais ágil de produtos irregulares do mercado.
O protocolo da ANMAT para casos de falsificação
Quando há suspeita de fraude alimentar, a ANMAT segue um protocolo rígido:
- Recebimento da denúncia ou alerta técnico.
- Coleta de amostras e análise laboratorial.
- Comparação com produtos autênticos, verificando rotulagem e composição.
- Decisão formal publicada em Boletín Oficial.
- Notificação imediata a comerciantes e plataformas digitais.
No caso do azeite Mito Andino, a investigação contou com o apoio de especialistas em segurança alimentar e laboratórios credenciados. A ação foi considerada prioritária devido ao alto risco de consumo em massa.
Por que azeites são alvo frequente de fraude
O azeite de oliva, especialmente o virgem extra, está entre os alimentos mais falsificados do mundo. As razões incluem:
- Alto valor agregado: torna-se alvo de adulterações para aumentar margens de lucro.
- Complexidade de produção: nem todo óleo rotulado como virgem extra realmente cumpre os padrões.
- Dificuldade de identificação pelo consumidor: sabor e cor podem ser mascarados.
- Mercado crescente: a demanda por azeites premium incentiva falsificações.
Na Europa, operações internacionais já detectaram redes criminosas que misturavam azeite com óleos refinados ou até produtos químicos. A ação da ANMAT se insere nesse contexto global de combate à fraude alimentar.
Lições para os consumidores e para o mercado

Para os consumidores
- Atenção redobrada: ler o rótulo com cuidado é essencial.
- Preferência por fornecedores confiáveis: grandes redes e marcas reconhecidas oferecem mais segurança.
- Atitude ativa: reportar suspeitas contribui para proteger toda a sociedade.
Para o mercado
- Reforço de fiscalização: a decisão cria precedente para mais rigor no setor.
- Valorização da rastreabilidade: marcas que investirem em transparência terão vantagem competitiva.
- Educação do consumidor: orientar sobre como identificar fraudes fortalece a confiança no setor.
Considerações finais
A suspensão do azeite de oliva Mito Andino pela ANMAT é um alerta para consumidores e mercado. O caso mostra que produtos aparentemente inofensivos podem esconder riscos graves quando não passam por controles oficiais. Ao mesmo tempo, reforça a importância de fiscalização rigorosa, denúncias ativas e consumo consciente.
Mais do que retirar um azeite das prateleiras, a decisão simboliza um esforço maior contra fraudes alimentares e pela preservação da saúde pública. Para o consumidor, fica a lição: segurança começa pelo rótulo e pela procedência. Já para as empresas, a mensagem é clara — a transparência é o único caminho para manter a confiança.
