Pix Parcelado será liberado: entenda o que muda para consumidor e comerciante
Pix Parcelado estreia em setembro de 2025. Entenda como funciona, vantagens para consumidores e lojistas e riscos de endividamento.
O Pix já se consolidou como o meio de pagamento mais popular do Brasil, segundo dados do Banco Central. Atualmente, 76,4% da população utiliza o sistema, superando o cartão de débito (69,1%) e até mesmo o dinheiro em espécie (68,9%). Além disso, 46% dos entrevistados em uma pesquisa da Febraban afirmaram usar o Pix com mais frequência do que qualquer outro método de pagamento.
Esse protagonismo deve se expandir a partir de setembro de 2025, quando o Banco Central lançará oficialmente o Pix Parcelado, nova modalidade que promete transformar ainda mais a forma como brasileiros compram e vendem.
Leia mais: Instabilidade no Pix do Itaú interrompe transferências
O que é o Pix Parcelado?

Na prática, o Pix parcelado funcionará de forma semelhante ao parcelamento no cartão de crédito. O consumidor poderá adquirir um produto ou serviço e dividir o pagamento em várias parcelas, enquanto o lojista receberá o valor integral da venda à vista.
A diferença é que a intermediação será feita por bancos e fintechs. As instituições financeiras adiantarão o valor ao comerciante e depois cobrarão as parcelas do cliente. Dependendo da política de cada banco, as prestações poderão ter ou não a cobrança de juros.
Hoje, algumas instituições oferecem soluções parecidas, mas apenas para correntistas com cartões de crédito vinculados. A inovação trazida pelo Banco Central será a disponibilidade universal, ampliando o acesso para todos os consumidores, independentemente de terem cartão.
O que muda para o consumidor
A principal mudança é a possibilidade de parcelar compras sem depender de cartão de crédito. Para milhões de brasileiros que enfrentam dificuldades para obter limite ou já têm o cartão comprometido, o Pix parcelado pode ser uma saída.
Segundo o economista Marcelo Lancerotti, ouvido pela Exame, a novidade pode representar economia:
“Você pode fugir do cartão de crédito e, dependendo da taxa de juro, você foge dos juros abusivos do cartão”, explicou.
Com isso, consumidores terão uma alternativa mais flexível, especialmente em momentos de aperto financeiro.
Riscos de endividamento
Apesar das vantagens, especialistas alertam para os riscos da nova modalidade. A facilidade de parcelar diretamente pelo Pix pode levar a um aumento do endividamento das famílias.
Lancerotti ressalta que a educação financeira da população brasileira ainda é frágil:
“O lado ruim é que, como a educação financeira do brasileiro é muito ruim, ele pode se endividar bastante.”
Outro ponto de atenção é que, ao contrário do cartão, o débito será feito diretamente na conta corrente. Isso significa que o consumidor pode acabar ficando no cheque especial, conhecido por ter uma das taxas de juros mais altas do mercado.
Impactos para os lojistas
Do lado dos comerciantes, o Pix parcelado é visto como uma oportunidade. A nova ferramenta permitirá oferecer mais uma forma de pagamento, ampliando a chance de concretizar vendas.
Outra vantagem é o recebimento imediato. Diferente do cartão de crédito, em que a liquidação pode demorar semanas, o Pix parcelado garante que o lojista receba à vista do banco.
Para Lancerotti, esse avanço pode alterar a dinâmica do setor:
“Ah, é o fim das maquininhas? Não, provavelmente não. Esse mercado vai se rearranjar, mas é possível que algumas empresas menos competitivas deixem de existir.”
O cartão de crédito vai acabar?
Apesar das comparações, especialistas acreditam que o cartão de crédito continuará relevante. Isso porque, além do parcelamento, ele oferece benefícios adicionais, como programas de milhas, seguros e sistemas de fidelidade.
Lancerotti resume essa coexistência:
“Não acredito que vai substituir 100% o cartão de crédito. Tem gente mais tradicional que demora para aderir à tecnologia, então as pessoas vão usar cartão de crédito para viajar com os programas de milhagem.”
Na prática, o Pix parcelado surge como uma alternativa complementar, e não como substituto imediato do cartão.
Transformações no sistema financeiro

O lançamento do Pix parcelado pode acelerar mudanças estruturais no sistema de pagamentos do país. Ao reduzir a dependência das bandeiras de cartão e das maquininhas, a medida amplia a competitividade e fortalece a atuação de bancos digitais e fintechs.
Além disso, consumidores poderão ter mais clareza e transparência nas condições de parcelamento, já que o Banco Central exigirá regras claras sobre taxas e prazos.
Para o mercado, essa mudança representa também um reposicionamento estratégico. Empresas precisarão adaptar seus modelos de negócios e buscar diferenciais para manter clientes fiéis em um ambiente de maior competição.
Educação financeira será crucial
O sucesso do Pix parcelado dependerá, em grande parte, da educação financeira da população. Embora ofereça conveniência e agilidade, a nova modalidade pode se transformar em armadilha para quem não planeja gastos.
Nesse contexto, especialistas reforçam a importância de programas de conscientização e de cursos voltados a consumidores e executivos. Iniciativas como o curso “Finanças para Profissionais Não Financeiros”, da Saint Paul Escola de Negócios, buscam justamente preparar diferentes perfis para lidar com as mudanças no mercado financeiro.
O curso, ministrado por professores como Lucas Dreves Gimenes, Renato Monteiro da Silva, Mauricio Godoi e coordenado por Marcelo Lancerotti, oferece aulas 100% online e ao vivo, com certificação e carga horária de 33h. A próxima edição começa em 9 de setembro.


