Classe média tem acesso à casa própria, mas Faixa 4 ainda não deslanchou como o governo esperava

 

Classe média tem acesso à casa própria, mas Faixa 4 ainda não deslanchou como o governo esperava

Faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), criada em maio de 2025 para atender a classe média, ainda não atingiu o ritmo esperado pelo governo federal. Lançada como uma inovação para ampliar o alcance do programa habitacional, a modalidade contabiliza apenas 8.512 contratos em três meses, o equivalente a R$ 2,15 bilhões em financiamentos — bem abaixo da meta projetada de 120 mil famílias em 12 meses.

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Resultados abaixo da expectativa

Meta não atingida no primeiro trimestre da nova faixa

O governo esperava que a Faixa 4 registrasse em média 10 mil contratos por mês, mas o acumulado desde maio sequer chegou a essa marca. A Caixa Econômica Federal, responsável pela execução, afirma que o programa está em fase de “movimento crescente de contratação”, mas especialistas apontam para fatores como juros altos e oferta limitada de imóveis como barreiras para a adesão imediata.

Clausens Duarte, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), avaliou que a baixa procura inicial está ligada ao tempo de maturação do mercado.

“Está abaixo da curva esperada. Entretanto, acreditamos que isso seja em função justamente do tempo de maturação. A classe média é mais sensível à alta da taxa Selic, que ainda está em 15% ao ano”, afirmou Duarte.

O que prevê a Faixa 4

Regras específicas para atender famílias de renda média

A Faixa 4 foi criada para famílias com renda mensal entre R$ 8 mil e R$ 12 mil, que antes ficavam de fora do Minha Casa, Minha Vida e eram obrigadas a recorrer ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), com juros mais altos.

Principais condições da nova faixa:

  • Taxa de juros nominal: 10% ao ano, abaixo da média do mercado.
  • Valor máximo do imóvel: até R$ 500 mil.
  • Prazo de financiamento: até 420 meses (35 anos).
  • Cota de financiamento para imóveis novos: até 80%.
  • Cota para imóveis usados: 60% no Sul e Sudeste, e 80% nas demais regiões.
  • Modalidades de contratação:
    • Aquisição de unidade habitacional;
    • Construção de unidade habitacional;
    • Aquisição de terreno e construção.

Dificuldades da classe média

Sensibilidade maior aos juros

O principal entrave é a taxa Selic elevada, atualmente em 15% ao ano. Embora a Faixa 4 ofereça juros abaixo do mercado, ainda assim o patamar de 10% é considerado oneroso para famílias que dependem de crédito imobiliário.

Além disso, a oferta de imóveis disponíveis na faixa de até R$ 500 mil ainda é considerada baixa em diversas regiões, o que restringe a escolha dos consumidores. Muitos empreendimentos estão em fase inicial de lançamento, e a expectativa é que a oferta aumente gradualmente ao longo do próximo ano.

Imóveis usados ganham espaço

Diante da limitação de lançamentos, a participação de imóveis usados tem sido significativa na Faixa 4. Para especialistas, isso demonstra que a classe média está disposta a negociar imóveis prontos, mesmo com condições menos atrativas de financiamento.

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Crescimento no primeiro semestre

Apesar da frustração inicial com a Faixa 4, o programa como um todo segue em expansão. Segundo dados da CBIC, as vendas do Minha Casa, Minha Vida cresceram 25,8% no primeiro semestre de 2025, alcançando 95.483 unidades.

Queda nos lançamentos no segundo trimestre

Por outro lado, houve desaceleração nos lançamentos no segundo trimestre do ano, com retração de 10,1% em relação ao primeiro trimestre. Isso sugere cautela do setor da construção diante das condições macroeconômicas, como juros altos e endividamento das famílias.

Minha Casa, Minha Vida respondeu por 47% dos lançamentos imobiliários no 2º trimestre de 2025, contra 53% no mesmo período de 2024. Nas vendas, a participação foi de 46%, acima dos 42% registrados no ano anterior.

Outras mudanças nas faixas do programa

Desde maio, o governo promoveu ajustes nas faixas de renda para ampliar o acesso:

  • Faixa 1: renda até R$ 2.850,00.
  • Faixa 2: renda entre R$ 2.850,01 e R$ 4,7 mil.
  • Faixa 3: renda entre R$ 4.700,01 e R$ 8,6 mil.
  • Faixa 4: renda entre R$ 8 mil e R$ 12 mil.

Com essas alterações, o programa agora contempla famílias com renda de aproximadamente R$ 2 mil até R$ 12 mil por mês, atingindo um público mais amplo.

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Passo a passo do financiamento

  1. Simulação do financiamento
    • Pode ser feita no site da Caixa ou em um Correspondente Caixa Aqui.
    • Permite saber o valor máximo que a família pode financiar.
  2. Entrega da documentação
    • Documentos pessoais e comprovantes de renda devem ser apresentados em agência da Caixa ou correspondente autorizado.
    • Inclui também a documentação do imóvel escolhido.
  3. Análise do cadastro
    • A Caixa avalia as condições financeiras da família e apresenta a proposta de financiamento.
  4. Assinatura do contrato
    • Após aprovação, o contrato é formalizado e as parcelas começam a ser pagas conforme o cronograma estabelecido.

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