PIB potencial do Brasil cresce para 2%, aponta análise do JPMorgan

 

PIB potencial do Brasil cresce para 2%, aponta análise do JPMorgan

Segundo o JPMorgan, o PIB potencial do Brasil subiu para 2% após reformas estruturais e avanços econômicos.

Produto Interno Bruto (PIB) potencial do Brasil apresentou avanço e atingiu aproximadamente 2% em 2025, segundo análise divulgada pela economista-chefe do JPMorgan para a América LatinaCassiana Fernandez. O dado representa uma melhora em relação ao patamar anterior, que girava em torno de 1,5%, e reflete os efeitos cumulativos de reformas estruturais implementadas desde 2016.

Durante participação no painel Perspectivas dos Economistas para o Brasil, realizado na 26ª Conferência Anual do Santander, a especialista destacou a importância dessas mudanças, mas também alertou para o fato de que a economia brasileira ainda cresce em ritmo inferior ao necessário para sustentar avanços sociais e de produtividade.

“Acredito que o PIB potencial subiu de 1,5% no passado para algo perto de 2% ou acima”, afirmou Cassiana Fernandez. “Ainda assim, o valor é muito abaixo do que o País cresceu nos últimos anos.”

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O que é PIB potencial e por que importa

Brasil surpreende e lidera crescimento global no 1º trimestre Imagem de um cofre em formato de porco e uma bandeira do Brasil ao fundo atividade econômica
Imagem: rafastockbr / shutterstock.com

O PIB potencial representa o nível máximo de crescimento sustentável de uma economia, considerando seus recursos e estruturas produtivas, sem gerar pressões inflacionárias.

Na prática, ele indica até onde o país pode crescer de forma consistente, levando em conta fatores como:

  • Produtividade do trabalho e do capital;
  • Infraestrutura disponível;
  • Qualidade das instituições;
  • Inovação e tecnologia.

O crescimento do PIB potencial é visto como um reflexo positivo de reformas, investimentos e modernizações.

Reformas estruturais como motor do avanço

Cassiana Fernandez destacou que o Brasil foi um dos países emergentes que mais promoveu reformas estruturais nos últimos anos.

Segundo a economista, somente a Argentina, em determinados aspectos, apresentou um volume de mudanças comparável, embora em condições diferentes e com resultados ainda limitados.

“Salvo a Argentina nos últimos dois anos, não há economia que tenha avançado tanto com reformas estruturais desde 2016 quanto o Brasil. É insuficiente? Claro que é insuficiente, mas avançamos bastante”, observou.

Entre as principais reformas citadas por especialistas estão:

  • Reforma trabalhista (2017);
  • Reforma da Previdência (2019);
  • Marco do saneamento básico (2020);
  • Avanços tecnológicos e financeiros, como o Pix (2020);
  • Nova lei de falências e recuperação judicial.

Essas mudanças, embora ainda insuficientes para transformar radicalmente o cenário econômico, ajudam a criar bases mais sólidas para a produtividade e para a competitividade brasileira no médio e longo prazo.

O impacto do Pix e da tecnologia no PIB

Um dos pontos mais enfatizados por Cassiana Fernandez foi o impacto do Pix, sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central do Brasil, no desempenho econômico estrutural do país.

Segundo a economista, embora seja difícil mensurar em números exatos o efeito dessa inovação, a transformação é inegável:

“Muitas das reformas são difíceis de mensurar, por exemplo o impacto do Pix, da revolução tecnológica no PIB potencial, visto que o sistema de pagamentos instantâneo do BC não foi feito em outro país”, destacou.

Pix reduziu custos de transações, ampliou a inclusão financeira e aumentou a eficiência do sistema de pagamentos, fatores que indiretamente influenciam a produtividade geral da economia.

Subestimação do crescimento pelo mercado financeiro

Outro ponto levantado pela economista foi a percepção de que o mercado financeiro subestimou o desempenho da economia brasileira nos últimos quatro anos.

Apesar das dificuldades enfrentadas no período — incluindo a pandemia, oscilações políticas e desafios fiscais —, o Brasil conseguiu apresentar crescimento acima das expectativas iniciais em vários trimestres.

Fernandez sugeriu que talvez exista algo de mais estrutural e permanente acontecendo na economia que justifique essa resiliência, e que ainda precisa ser melhor avaliado pelos analistas.

O desafio de sustentar o avanço

Embora o aumento do PIB potencial de 1,5% para 2% seja um sinal positivo, especialistas ressaltam que esse nível ainda está aquém das necessidades do país.

Um crescimento sustentável mais robusto é essencial para:

  • Ampliar a geração de empregos de qualidade;
  • Melhorar os índices sociais;
  • Sustentar a competitividade no cenário internacional;
  • Garantir maior estabilidade fiscal.

Segundo Cassiana Fernandez, o Brasil precisa continuar avançando em novas reformas, como a tributária e a administrativa, além de promover maior abertura comercial para integrar-se de maneira mais efetiva às cadeias globais de valor.

Reformas futuras e perspectivas

Inflação PIB
Imagem: Dmitry Demidovich / shutterstock.com

Com a aprovação parcial da Reforma Tributária em 2023, o país deu mais um passo importante na simplificação do sistema de impostos. No entanto, especialistas defendem que ainda há muito a ser feito para reduzir a complexidade e aumentar a eficiência.

Outro desafio está na Reforma Administrativa, considerada crucial para melhorar a eficiência do setor público e garantir sustentabilidade fiscal no longo prazo.

Além disso, políticas de incentivo à inovação, educação e digitalização da economia podem se tornar motores ainda mais significativos para elevar o PIB potencial.

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