Em depoimento à polícia, empresário disse que não imaginava ter atingido gari com disparo

 

Por Jô AndradeFernando ZubaCarlos Eduardo Alvim, g1 Minas e TV Globo — Belo Horizonte

 

Renê da Silva Nogueira Júnior confessou ter matado o gari Laudemir de Souza Fernandes — Foto: Reprodução

Renê da Silva Nogueira Júnior confessou ter matado o gari Laudemir de Souza Fernandes — Foto: Reprodução

O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, preso em flagrante por suspeita de homicídio qualificado contra o gari Laudemir de Souza Fernandes, prestou depoimento à Polícia Civil afirmando que não imaginava que o disparo havia atingido alguém. Ele disse acreditar que responderia, no máximo, por porte ilegal de arma, já que o revólver pertencia à esposa (leia mais abaixo).

Segundo seu relato, a confusão teve início com outro trabalhador da coleta de lixo. Renê contou que saiu do carro armado, efetuou um disparo contra os coletores e deixou o local em seguida. Ele afirmou que só soube da morte de Laudemir quando saiu da academia, momento em que foi abordado por policiais militares.

De acordo com o empresário, estava a caminho do trabalho quando entrou por engano em um beco sem saída e se deparou com o caminhão de coleta. Disse que levou a arma particular da esposa por receio de circular por áreas desconhecidas, sem que ela soubesse.

Naquele dia, segundo ele, estava ansioso e esqueceu de tomar a medicação. No entanto, Renê disse não se lembrar do nome do remédio que diz tomar para ansiedade.

Imagens exclusivas revelam passos do empresário acusado de matar gari em BH

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Discussão

O empresário relatou que a motorista do caminhão deu passagem para outros veículos, mas ao tentar seguir, gritou que seu carro era largo demais para passar. Segundo ele, a condutora percebeu que estava armado e alertou os colegas. Os coletores, então, tentaram defender a motorista, dizendo que não era justo um homem ameaçar uma mulher. Renê teria dito que daria um "tiro na cara" dela.

Ele afirmou que desceu do carro com a arma em punho, sem apontar para ninguém, e que um coletor comentou: "com arma é fácil". Renê respondeu que resolveria "na mão". Nesse momento, a arma disparou e atingiu Laudemir, que, segundo ele, não estava envolvido na discussão.

Após o disparo, os trabalhadores correram. Renê voltou ao carro e seguiu seu caminho, sem perceber que havia acertado alguém. Uma munição caiu no chão, mas ele não retornou para pegá-la.

Achou que não responderia por homicídio

O empresário contou que foi trabalhar normalmente e, por volta das 13h, voltou para casa. Lá, ligou para a esposa para perguntar se ela havia passeado com o cachorro, mas garantiu que não contou sobre o ocorrido.

Em sua avaliação, acreditava que responderia apenas por porte ilegal de arma de fogo, pois não suspeitava que o disparo tivesse causado ferimentos.

Após passear com o cão, foi à academia, onde foi localizado por policiais. Disse que precisou tomar uma dose maior de clonazepam - medicamento com efeito calmante - durante a condução, embora seu médico tenha prescrito uma dosagem menor. Ele negou ter feito uso de drogas ilícitas.

Ao final do depoimento, Renê disse estar arrependido de ter tirado a vida da vítima e de ter prejudicado a esposa, o filho e os familiares do gari. O empresário segue em prisão preventiva.

Infográfico mostra principais pontos do assassinato do gari Laudemir Fernandes pelo empresário Renê Júnior, que confessou o crime — Foto: Arte/g1

Infográfico mostra principais pontos do assassinato do gari Laudemir Fernandes pelo empresário Renê Júnior, que confessou o crime — Foto: Arte/g1

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