O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu que é válida a aplicação do fator previdenciário às aposentadorias concedidas sob as regras de transição da reforma da Previdência de 1988. A decisão encerra um debate que poderia gerar impacto de R$ 131,3 bilhões aos cofres públicos, segundo estimativa do INSS.
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Julgamento e votação no STF

O julgamento foi realizado no plenário virtual, modalidade em que os ministros apresentam seus votos em uma página oficial do tribunal na internet. O processo terminou na noite desta segunda-feira (18).
A maioria acompanhou o voto do relator, ministro Gilmar Mendes, que considerou compatível o uso do fator previdenciário nas aposentadorias de transição. Seguiram nesta linha os ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Flávio Dino, André Mendonça, Luiz Fux, Dias Toffoli, Nunes Marques e Luís Roberto Barroso.
O ministro Edson Fachin foi o único a divergir, alegando que a aplicação do fator previdenciário seria inconstitucional nesse contexto.
O que é o fator previdenciário
O fator previdenciário foi criado no final dos anos 1990 como uma fórmula matemática que leva em consideração:
- A idade do segurado;
- O tempo de contribuição à Previdência Social;
- A expectativa de vida no momento da aposentadoria.
Seu objetivo é calcular o valor proporcional da aposentadoria, garantindo que o benefício reflita a trajetória contributiva do segurado.
Objetivos do fator previdenciário
Segundo o relator, ministro Gilmar Mendes, a aplicação do fator reforça princípios de equidade e contributividade, evitando distorções no sistema previdenciário e garantindo que cada beneficiário receba um valor compatível com suas contribuições.
Regras de transição da Previdência de 1988
O processo analisou especificamente as aposentadorias enquadradas nas regras de transição da reforma da Previdência de 1988, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
Essas regras foram posteriormente substituídas pela reforma previdenciária do governo Jair Bolsonaro, mas continuavam valendo para contribuintes que já estavam no sistema antes das mudanças.
As regras de transição ofereciam condições diferenciadas de aposentadoria, como idade mínima reduzida e tempo de contribuição específico, para aqueles que estavam próximos de se aposentar.
Impacto financeiro da decisão
Segundo o INSS, a decisão do STF evita um impacto de aproximadamente R$ 131,3 bilhões nos cofres públicos, caso fosse considerado inconstitucional o uso do fator previdenciário para aposentadorias de transição.
Essa quantia representa benefícios que teriam que ser recalculados ou pagos retroativamente, caso a corte tivesse decidido pelo cancelamento do fator.
Repercussão geral

O recurso julgado possui repercussão geral, o que significa que a decisão do STF terá efeito vinculante em processos semelhantes nas instâncias inferiores da Justiça.
Ou seja, outros casos envolvendo o fator previdenciário e aposentadorias de transição não precisarão passar novamente pelo STF, acelerando a resolução de pendências e garantindo uniformidade na aplicação da lei.
Divergência do ministro Fachin
O ministro Edson Fachin divergiu do entendimento da maioria e votou pela inconstitucionalidade do fator previdenciário para aposentadorias de transição.
Fachin argumentou que a aplicação do fator poderia gerar prejuízos aos segurados, reduzindo injustamente o valor de seus benefícios e contrariando direitos adquiridos antes das reformas posteriores.
Julgamento virtual e procedimentos do STF
O julgamento no plenário virtual permitiu que todos os ministros registrassem seus votos de forma remota, tornando o processo mais ágil e eficiente.
Essa modalidade tem se tornado cada vez mais comum no STF, especialmente para recursos que envolvem repercussão geral, já que permite que decisões complexas sejam analisadas sem a necessidade de presença física no tribunal.
Considerações sobre a aposentadoria
O fator previdenciário continua sendo uma ferramenta essencial para o cálculo de aposentadorias, principalmente para aqueles enquadrados em regras de transição antigas.
Ele busca equilibrar o valor do benefício com a contribuição do segurado, incentivando o tempo maior de contribuição e respeitando o histórico contributivo.
Benefícios do fator previdenciário
- Valor proporcional ao tempo de contribuição;
- Incentivo à permanência no mercado de trabalho por mais tempo;
- Evita distorções no pagamento de aposentadorias;
- Garante justiça entre segurados com diferentes perfis contributivos.
Críticas ao fator previdenciário
Apesar dos benefícios, o fator previdenciário é alvo de críticas por reduzir o valor de aposentadorias de trabalhadores que se aposentam mais cedo. Alguns especialistas defendem ajustes na fórmula para evitar prejuízos a determinados grupos.
O futuro do sistema previdenciário
Com a decisão do STF, o fator previdenciário se mantém como regra de cálculo para aposentadorias de transição, evitando uma sobrecarga financeira para o INSS e garantindo previsibilidade aos segurados.
Especialistas apontam que a equidade e a proporcionalidade nos cálculos são fundamentais para a sustentabilidade do sistema previdenciário brasileiro.
Conclusão
A decisão do STF sobre o fator previdenciário reforça a importância de respeitar as regras de transição da Previdência e garante que os segurados recebam benefícios proporcionais ao tempo de contribuição.
O julgamento virtual do Supremo Tribunal Federal representa um passo decisivo para segurança jurídica no cálculo de aposentadorias, evitando impactos financeiros significativos e estabelecendo precedentes para processos futuros.
